sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Normose

NORMOSE. Você sabe o que é?



Acredite, mas, o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal.
Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar.
O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido.
Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é:

Quem espera o que de nós?

Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?

Eles não existem.
Nenhum João, Zé ou Maria bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado.

Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.
Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, sejam lá quem for todos.
Melhor se preocupar em ser você mesmo.

A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa.

Você precisa de quantos pares de sapato?
Comparecer em quantas festas por mês?
Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias.
Um pouco de autoestima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante.
O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros.
É fraude.
E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.













Sticker Art – Uma ferramenta de inclusão e conscientização do valor da arte

Resumo


Uma experiência numa escola pública de Goiânia, usando da técnica Sticker Art para valorizar a disciplina de artes, conscientizar os alunos do valor da discplina e incluir o aluno na arte contemporânea como ser crítico, atuante na arte da sua cidade e na sua escola.


Palavras – chave: Cotidiano, arte contemporânea, Sticker Art.

As grandes obras de arte somente são grandes
por serem acessíveis e compreendidas por todos.
Léon Tolstoi

Refletindo sobre o pensamento de Tolstoi, compreendo que nas escolas públicas pelas quais eu já lecionei, o grande problema que encontro é sempre o mesmo: alunos desinteressados, traumatizados por aulas, professores e métodos nos quais apenas são usados de teoria, textos, e pouca, quando nenhuma, reflexão.

A arte contemporânea é uma grande ferramenta para transformar essas mentes (alunos) hoje na escola, mas, será que estamos usando-a da melhor forma? Há três meses comecei a lecionar em uma escola no Jardim Guanabara. Uma escola muito grande, com um enorme número de alunos. Mas, o que mais me deixou triste foi encontrá-los com ódio, pavor, desânimo, frustação com relação a disciplina de artes. Procurei de todas as formas questioná-los para descobrir o problema e como essa situação pôde se instalar. Descobri então que por conta da teoria desconectada da prática, os alunos faziam por fazer; a maioria apenas por nota, e a minoria tentava gostar, mas, sem a real compreensão do porque fazer, nenhum, absolutamente nenhum soube me dizer de fato, o que já aprendeu em arte, se gosta de arte e descrever o que é arte em seu ver. Percebi então que estava perante um grande e maravilhoso desafio. E partir para o ataque.

Nosso primeiro momento de aula, enfim, foi de debates. Conversamos sobre as artes visuais, a música, o cinema, o teatro, a fotografia, enfim, sobre várias habilidades e quais eles mais gostavam, sentiam afinidades. Observei que pintura e desenho estava na lista de muitos, inclusive a fotografia e o cinema. Pensei em várias atividades, e conversando com a coordenação e gestão da escola, consegui que concordassem comigo que a escola precisava de um sacode inicialmente. Criei o I Concurso de Sticker Art. Trabalhei o conceito, a história do Sticker Art, expliquei que se tratava de um adesivo urbano e levei muitas imagens de stickers encontrados em Goiânia. Muitos foram reconhecidos, e o significado de muitos, compreendido. Levei um amigo artista que trabalha com a técnica, conhecido como Dish, e ele falou a todas as turmas da sua experiência enquanto grafiteiro, artista plástico e ser crítico. A partir desse encontro, consegui tirar dos alunos questões políticas, revolucionistas com relação a realidade financeira, escolar, familiar e social. Enfim, estavam sacudidos. Agora era apresentar as ferramentas. Tivemos uma aula de desenho, onde apresentei técnicas de caricatura, sombra e luz, dicas de lápiz, canetas, canetinhas e programas de computador para os que preferiram a arte digital. Na outra semana todos me entregaram suas obras.

Muitas com mensagens, desenhos e imagens, muito críticos, cheios de ideias, questionamentos, com relação a escola, política, valores, relação amigo, pais e outros temas. Coloridos, em preto e branco, todos fizeram. Do ensino fundamental ao 2º do ensino médio. Todos trabalharam muito. Fizemos a premiação do concurso no recreio. Tivemos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º lugar. Conseguimos doação de medalhas, mochilas, kits com lápis especiais, folders artísticos, cadernos de desenho. Foi o momento mais eufórico do concurso. Eles esperavam ansiosamente pra saberem o resultado. Muitos nem ligaram se não foram premiados por que o melhor já estava pronto: criei na sala de artes (a escola possui uma sala separada para a disciplina nos períodos vespertino e matutino) uma esposição na parede do fundo da sala com um sticker meu, como uma moldura, e todos os stickers selecionados ou não, foram fixados ao lado do meu. Simplesmente amaram, e na primeira semana ninguem conseguiu lecionar sem chamar a atenção dos novos artistas que se orgulhavam em mostrar: “aquele ali é meu, viu como ficou bonito?”, “e aquele, é seu? Nossa, parabéns!”. Trocavam elogios, críticas e questionavam poéticas, cores, ideias, dentre outros pontos. Eles acordaram para a arte. Acordaram e se tornaram críticos, com muito potencial para enfim, ver a arte com outros olhos. Hoje, todas as atividades que proponho, aceitam com tamanho desejo, vontade de aprender mais, conhecer o novo. Apelidaram-me de professora doidinha, pois nunca viram a arte como estão vendo. Vez ou outro me perguntam: “professora, que arte é essa? Como se chama isso?”. Querem saber, querem aprender novos vocabulários, mas, principalmente,querem se divertir fazendo.








Figura 1. Parede do fundo da sala sem os adesivos dos alunos e com os adesivos dos alunos. Adesivo recortado a mão. Autora: Professora Priscila Macedo



A arte é uma disciplina que mudou minha vida e acredito que pode mudar a de muita gente. Todos os trabalhos que desenvolvo uso as seguintes palavras-chave: cotidiano, identidade, arte contemporânea e criticidade. Me orientando pelo conceito de Sturken e
Cartwright apud Hernandez que dizem que, “(...) representação é o uso de linguagem e imagens para criar significado sobre o mundo que nos rodeia (...)” (HERNANDEZ. 2005. p. 137) e, como afirma Thiollent,
“(...) bons projetos são aqueles que geram ganhos de conhecimento e de experiência para todos os participantes, com base no ciclo reclacionando ação e reflexão”. (Thiollent. 2011. P.7)
Professores que se interessam pelas artes visuais hoje, que não tenham como meta apenas ensinar a história da arte a seus alunos são, com certeza, uma raridade. De todos os professores de arte que tive na minha vida escolar, apenas uma me mostrou o quanto as Artes podem transformar nossa vida. Essa mesma professora que me influenciou por essa profissão maravilhosa. A faculdade me ajudou muito enquanto pesquisadora e iniciante de um novo mundo cheio de novidades e possibilidades. Gostaria muito de transmiitir a mesma empolgação que sentia todos os dias de quatro anos aprendendo e descobrindo para meus alunos, mas, com uma aula por semana, é certamente impossível, mas, porque não tentar?















Referências Bibliográficas

HERNÁNDEZ, Fernando. & OLIVEIRA, Marilda (Orgs.). A formação do professor e o ensino das artes visuais. Editora UFSM. Santa Maria. 2005.
THIOLLENT, Michel. A construção do conhecimento e metodologia da extensão. Instituição: UFRJ. Disponível em: http://www.proex.ufrn.br/files/documentos/thiollent.pdf. Acesso em: 19 de Maio de 2011, as 08:45.